Vamos contar uma história. A pequena Juliana quando criança queria ser veterinária, sempre gostei muito de bichos e tal, acho que é algo meio natural né? Mas por volta de oito anos, percebi que jamais poderia ser, porque nunca iria conseguir fazer uma cirurgia num cão. Não sabia muito bem o que gostava nem o que queria da vida (eu era criança). Com 13 anos descobri que amava, e muito português e comecei a pensar em como eu ensinaria aquela matéria. Até o momento sempre disse que jamais daria aula. Comecei a ajudar uma amiga que tinha dificuldade e descobri que ensinar era algo, definitivamente, maravilhoso. Aí tudo começou .
Nessa época meu interesse pelas causas sociais, de uma maneira geral, começou a aflorar e por causa de um filme muito especial, eu percebi, de vez, o quanto o nosso mundo é cruel e entendi que a educação tinha um papel muito importante. Comecei a realmente acreditar que por meio da educação o mundo poderia mudar (não só por causa dela, mas esse é o tópico do texto). Então apareceu o ponto final crucial para a minha decisão estar mais que consolidada, um filme maravilhoso, chamado Escritores da Liberdade, que é sobre uma professora na periferia de uma cidade dos EUA que transforma a sua turma. Poucas pessoas realmente entendem o que eu quero, que basicamente é fazer o que ela fez. Transformar a vida de pessoas através das aulas, do conhecimento (meus olhos estão cheios de lágrimas enquanto escrevo). É bastante chato ter sempre alguém te desestimulando, ninguém quer saber dos que querem ser professores, eu ainda que quero ser professora de escola pública sou definitivamente alguém estranho.
Ano passado dei aulas particulares, para 4 pessoas, mas acompanhei apenas uma delas ao longo do ano e foi uma das melhores coisas que já me aconteceu. Crescemos muito juntos e consegui fazer um bom trabalho, não digo isso por mim, mas sim pela mãe dessa criança que sempre me agradece. Não tenho palavras o suficiente para descrever a emoção que tive ao ver aquele menino evoluindo e perceber que estava optando pelo caminho certo. Também tive a oportunidade de conhecer um projeto maravilhoso que uma professora próxima desenvolve junto com outros professores numa escola estadual. Essas pessoas me inspiram, mais do que qualquer outras.
Quase ninguém entende, mas isso é realmente o que eu quero, dar aula, simplesmente. Participar desse processo todo, estar numa sala de aula, com todos os desafios, crescer com os alunos, corrigir provas, todas essas coisas. Eu acredito na educação, de uma forma bem diferente do que vemos hoje, tanto nas escolas privadas quanto nais públicas. Eu quero dar aula, e não consigo nem ao menos ter vontade de fazer outra coisa.
2 comentários:
Oi, Juliana!
Essa coisa de dar aula é mesmo inexorável a nós. Vem de dentro, desde sempre. E seu caminho - um dos mais belos - é esse.
A escola pública é um ambiente fantástico de transformação social. Trabalho em uma escola - a minha do coração - que tem por missão "Colaborar ativamente para a transformação das futuras gerações". E é por isso que eu trabalho, e é essa bandeira que tento dia a dia honrar.
Fico muito, muitíssimo feliz ao ver que o magistério ainda encanta de forma tão genuína almas como a sua. E sei que sempre encantará.
Você falou sobre "Escritores da Liberdade". Leia "Guerreiros da Esperança", de Andrea Hirata, se tiver oportunidade. É uma narrativa sobre onze crianças e o sonho de que a educação mude suas vidas, amparados por um diretor e uma professora. É ambientado na ilha de Belitung, Indonésia, mais de 5 milhões de cópias. É encantador, e fala basicamente sobre o direito inalienável à educação. Um livro delicado, em um panorama decrépito. Vale a pena.
Prossiga em sua meta!
Bjs,
Roberta
Pode deixar que prosseguirei com muita animação, começo a faculdade na segunda. Vou procurar esse livro, fiquei com muita vontade de dar una olhada . Obrigada pelo incentivo.
Bjs
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