O Tigre e o gato
Os
dias se passaram quase sem nenhuma novidade. Minha mãe estava ainda mais
apaixonada por seus dois namorados e cada dia voltava com um presente novo.
Natureza Alegre estava aprofundando seus estudos em filosofia estava falando
ainda menos. Carlos Roberto Lázaro e seu namorado Eduardo Sou estavam brigados,
então ele passava os dias trancado, chorando. E eu, continuava vigiando a casa.
O gato da Casa do Lado continuava aparecendo.
Carlota
não apareceu durante um tempinho também a e a única pessoa que reparava em mim
era o bom vendedor de leite seu Luiz:
– Moça bonita – ele começava quase catando – o
que faz tão desanimada sentada na calçada?
– Acho que minha vida está monótona –
respondia desanimada
– Ora, não pense assim. Os dias andam
ensolarados, não há uma tristeza por aí.
– É, acho que talvez o senhor tenha razão.
– Fico feliz que pense assim, mas tenho que
ir, há muito leite para vender – ele arrancou uma flor do gramado da minha casa
– tome, para lembrar que a vida é bela
E
saía andando. Nossos diálogos eram bem parecidos com isso todos os dias.
O
cenário mudou finalmente num dos dias do terço. Estava na sala jogando dominó
com Maria Isabel, ela se divertia imensamente quando alguém dava atenção a ela.
– Meus Deus – Beatriz do grupo de terço exclamou
– o que é isso?
– O que? – as outras religiosas gritaram em
uníssono.
De
repente um gritou tomou conta do espaço, parecia ser no sótão. Saí correndo
para ver o que era, chutando várias peças de dominó. Me deparei com Maria de
Lourdes vestida de tigre gritando contra um gato preto.
– Bruxas estão na vizinhança! – ela gritou
Ouvi
murmúrios atrás de mim e percebi que todo o grupo de terço e as crianças da casa
estavam atrás de mim
– Bruxas não podem ser toleradas! Nenhuma
pessoa deve entrar em contato com os novos vizinhos – Maria Teresa Rosário declarou
autoritária – esse gato só pode ser deles. Isso vale para todas as famílias.