quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Malu - capítulo 3

Orações da tarde

            Deixei o gato no meu quarto e fiz de tudo para Fátima Lourdes não descobri-lo. Fiquei quieta e fiz o que devia. Na hora do terço servi o café para Teresa Rosário e suas colegas de terço
 – Luciana Clara está vendendo tortas para conseguir dinheiro, de novo – Marluce, a mais animada, disse se abandando com um leque – ela sempre é demitida coitada
 – Deus não ajuda quem não quer ser ajudado – Beatriz, a mais nova e religiosa bufou
 – Essa vizinhança não tem jeito – Teresa resmungou
 – Falando em vizinhança – a fofoqueira Yvone começou – cês viram que chegou um pessoal novo na casa do lado?
 – Eu vi, menina – Lúcia falou entre uma tossida e outra – era um pessoal do mais esqusisto!
 – Nem me fale – Teresa lamentou – não existe uma pessoa se quer normal por aqui
 – Além de nós, claro – Marluce disse rindo
 – Mas esse pessoal da casa do lado é terrível mesmo – Beatriz disse raivosa – ouvi dizer que é uma menina que fugiu da França, pois engravidou o patrão.
 – Meus Deus! – as outras exclamaram em uníssono
 – Ouvi dizer muito pior – Lúcia falou – o Luiz Fernando, aquele do leite, me falou que ela tem pacto, com aquele lá de baixo.
 – Não é possível – Yvone reclamou bebendo um pouco do café
 – Só nos resta mesmo rezar por essas almas perdidas – Teresa declarou
            E rezaram ainda mais. Observei um pouco e falar com Carlota, a menininha que percorria a vizinhança toda de bicicleta e com quem mais conversava. Contei que passei a tarde anterior toda espreitando, contei da conversa das moças do terço e até do gato no meu quarto.
 – Nala, não se preocupe – ela falou decidida – à meia noite desta noite me encontre no quintal da sua casa, não conte para ninguém, só leve o gato.

            Concordei com a cabeça. Apenas.

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Dragão segundo o horóscopo chinês. Nascida no Rio, mas criada em Petrópolis (ainda bem). Além de querer ser professora, sonha em fazer muitas (MUITAS) coisas. Mas enquanto o dia não tem 72 horas, milita por um mundo melhor, escreve, tenta desenhar e bebe mate. Acredita plenamente no poder transformador do palco, dos animais e da educação.