A rua estava deserta, a Lua era nova
e poucas estrelas iluminavam meu horizonte. Meus pés batiam lentamente no chão
e o ar fustigava minha pele com rajadas geladas. Foi quando vi. A mulher tinha
a magreza de uma criança miserável, os olhos cinzentos eram furiosos, sua pele
parecia feita de pérolas e longas asas negras saíam de uma túnica creme. O
local parecia perfeito, quanto à hora, sentia como se coragem ainda não tivesse
tomado conta de meu corpo, alma e mente. Um passo a frente ou um passo atrás.
Tanto fazia. O que aconteceria a seguir? Descobriria em pouco tempo. A mulher
deu um passo para frente e entrelaçado por seus dedos compridos vi um
instrumento musical dourado, lembrava-me uma flauta. A mulher estendeu a mão
oferecendo-me sua flauta. Com um pouco de desconfiança peguei o objeto de sua
mão. Ela assentiu com seriedade e se virou para trás. Senti a flauta em minhas
mãos, era leve e delicada, como se não fosse o que aparentava. Fechei os olhos.
Senti meu corpo ficando cada vez mais leve e os problemas saindo de dentro de
mim. O frio da noite já não parecia mais tão frio. Então deixei que o destino
me levasse.
Local de experimentação, de soltar a palavra sobre o que der na telha. Sempre de portas abertas a quem quiser abrir a porta e dar uma espiada.
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Quem sou eu
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- /Juliana/
- Dragão segundo o horóscopo chinês. Nascida no Rio, mas criada em Petrópolis (ainda bem). Além de querer ser professora, sonha em fazer muitas (MUITAS) coisas. Mas enquanto o dia não tem 72 horas, milita por um mundo melhor, escreve, tenta desenhar e bebe mate. Acredita plenamente no poder transformador do palco, dos animais e da educação.
Um comentário:
Agora sim ... um texto com cara de Juliana Auler. Gostei !
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